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Morro do Pai Inácio, cartão-postal que inspira numerosos artistas

  • 08/06/2024

  • postado por Rair

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Ao longo do tempo, o grandioso atrativo da Chapada Diamantina vem se transformando em tema de filmes, poemas, pinturas e até de romances espíritas

Literatura, pintura, cinema: diversas ramificações da arte se nutrem das imagens e das lendas Morro do Pai Inácio. Foto: Empório Chapada Diamantina

Localizado no Km 231 da BR 242, o Morro do Pai Inácio atrai turistas de vários países pela impressionante vista panorâmica da Serra do Sincorá, da Serra da Bacia, do Morrão e do Morro do Camelo. O pôr do sol refletido nos paredões dessas rochas também chama a atenção dos visitantes. Em cima do Pai Inácio, ainda crescem cactos, líquens, musgos, bromélias e orquídeas – um ecossistema frágil e bonito. Além das várias espécies, o local está envolto por lendas sobre um escravo que dá nome ao atrativo. Juntos, natureza e imaginário popular geraram um fascínio tão grande que faz muita gente retratar o Pai Inácio e suas narrativas por meio da arte.

Pai Inácio na literatura

Já em 1920, o poeta José Moreira Pinto escreveu o poema intitulado “A Lenda do Morro”. O texto conta a história de velho Inácio, escravo bom e cuidadoso. Refugiado no sopé do morro, ele construiu uma cabana e passou a ajudar viajantes perdidos. Nessa produção, o romance com a filha de um fazendeiro e o voo de guarda-chuva não aparecem. Pai Inácio é descrito apenas como um guia auxiliador que vivia pacificamente com os seres da natureza.

Um século mais tarde, a escritora Mirandi Alves Pereira Oliveira também decidiu registrar a trajetória de Inácio em um livro que expande e detalha a conhecida versão romântica da lenda. Em “A Sinhazinha e o Escravo”, a autora mapeia, de modo ficcional, as origens familiares do protagonista, refaz o cotidiano dele na fazenda e mostra como ele se envolveu com a filha do barão. A obra revela ainda o que aconteceu depois do pulo do herói.

No mesmo ano, em 2022, Isadino José dos Santos decidiu perscrutar ainda mais a vida — ou melhor, as vidas — da figura lendária. Depois de anos apreciando o cartão-postal e suas narrativas, o autor teve uma insight espiritual para escrever o romance espírita “Morro do Pai Inácio”. A trama tem início quando o homem se chamava  Bartolomeu. Em seguida, o texto mostra as sucessivas encarnações do personagem até se tornar Inácio e, posteriormente, evoluir no plano superior.

Pai Inácio na pintura

Uma das primeiras representações imagéticas do personagem que nomeia o atrativo está no Posto e Pousada Pai Inácio e ilustra a versão mais romântica da história: a do negro que se joga do alto do morro usando um guarda-chuva. O quadro é conhecido em diversas partes do mundo e foi pintado, há mais de 50 anos, por Ranulfo Souza Lima, da cidade de Wagner.

O atrativo natural de Palmeiras também faz parte das criações do artista Dmitri de Igatu. Apaixonado pelas paisagens da região, ele conheceu o Pai Inácio em 1996. Em 2002, começou a pintá-lo e hoje já perdeu as contas de quantas telas suas ilustram o morro. Dmitri tem preferência por pintar a vista deslumbrante proporcionada pelo cume da atração.

Pai Inácio no cinema

Na década de 1980, as imagens de Pai Inácio finalmente ganharam movimento. A sétima arte se encarregou de contar a linda história de amor entre o escravo e a sinhazinha. Dirigido pelo cineasta baiano Pola Ribeiro, o filme “A Lenda do Pai Inácio” ganhou prêmios nacionais e internacionais e mostrou amplamente o meio ambiente da Chapada.

Vinte e sete anos depois, o ponto de cultura Grãos de Luz e Griô, de Lençóis, em parceria com o projeto Cinema no Interior, levou para as telas uma nova releitura fílmica do ente imaginário mais famoso da Chapada Diamantina. Em “A Lenda do Pai Inácio ou Kokumo”, o personagem redescobre suas origens negras e trilha o caminho em direção à sua verdadeira identidade.

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