Parque Nacional da Chapada Diamantina
Há mais de 70 parques nacionais espalhados por todas as regiões do Brasil. Eles são definidos como unidades de conservação e têm os seguintes objetivos: proteger ambientes repletos de atributos naturais, conter o avanço dos efeitos negativos da industrialização sobre os ecossistemas e demarcar fronteiras agrícolas. Cuidar da fauna, da flora e dos sítios arqueológicos também integram o propósito dessas iniciativas. Aqui, na Chapada Diamantina, nós também temos o nosso próprio parque.
Origens e características
Criado em 17 de setembro de 1985, por meio de decreto federal, o Parque Nacional da Chapada Diamantina (também chamado de Parna ou PNCD) tem 152 mil hectares e reúne atrativos de seis municípios: Andaraí, Lençóis, Itaetê, Mucugê, Palmeiras e Ibicoara. Ele protege ainda os picos mais altos da Serra do Sincorá — uma porção da Cadeia do Espinhaço, que se estende de Minas Gerais até a Bahia.
Com sede administrativa situada na cidade de Palmeiras, o Parna é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e guarda muitas nascentes. Quase todos os rios que fazem parte do parque brotam de dentro da área de conservação — fato que garante a pureza das águas. As duas exceções são o rio Santo Antônio e o rio Paraguaçu, que nascem fora da reserva e atravessam outros lugares antes de entrarem na unidade de preservação. Vale lembrar que até mesmo a capital baiana, Salvador, é agraciada pelo Paraguaçu. Cerca de 60% da população soteropolitana é abastecida por esse atrativo.
O Parna tem um regime de chuvas tropical. Predominante entre os meses de novembro e janeiro, também alcança picos secundários em março e abril. Por isso, fique ligado na hora de planejar a sua viagem. O tempo chuvoso pode dificultar o passeio pelas trilhas.
Biodiversidade
No interior do Parque Nacional da Chapada Diamantina, você vai encontrar trilhas, cavernas, paredões de pedra para escalada, sítios arqueológicos e mais de 30 cachoeiras. Além disso, poderá apreciar diversos biomas, tipos de plantas variados e centenas de animais.
Há, por exemplo, 370 espécies de aves vivendo no parque. Entre elas está o beija-flor-de-gravatinha-vermelha — uma exclusividade da região. O Parna abriga ainda 36 espécies de répteis e seres ameaçados de extinção, como a águia-cinzenta, o gavião-pomba, a jacucaca e o papagaio-de-peito-roxo.
A vegetação da área de preservação também é bastante plural. Só as flores chegam a mais de 100 variedades. Elas brotam de numerosos arbustos, ervas, trepadeiras e arvoretas.
Nas partes com mais de 800 metros de altitude, é possível encontrar, entre as rochas, os campos rupestres. Eles são vistos, pelos estudiosos, como a formação mais bela e original da Chapada Diamantina. As plantas que vivem nesses locais ― cactos, velózias, begônias — são capazes de se adaptarem às rápidas mudanças de temperatura. Orquídeas e bromélias, por exemplo, armazenam água em suas folhas quando chove para sobreviverem aos tempos de estiagem. A flora do campo rupestre é tão rica que supera a da Floresta Amazônica.
Os campos gerais são outro agrupamento vegetal do Parna. Localizados acima dos 900 metros de altitude, eles têm áreas extensas, planas e com solo arenoso. Neles crescem apenas plantas de pequeno porte: gramíneas, palmeiras baixas, arbustos e a sempre-viva ― flor que se mantém inteira e com aparência dourada mesmo depois de seca.
Juntos, os campos gerais e os campos rupestres representam 90% da vegetação do Parque Nacional da Chapada Diamantina.
Embora seja típico do Centro-Oeste, o cerrado também se manifesta dentro do Parna. Nas áreas acima de mil metros, vivem árvores lenhosas, com troncos retorcidos e folhas brilhantes. Entre elas estão a mangabeira, o jatobá, o murici e o barbatimão. Este último é muito utilizado na medicina tradicional por ter propriedades cicatrizantes e anti-inflamatórias.
Espécies nativas da caatinga têm igualmente espaço na unidade de conservação. Bastante comum no Nordeste, esse tipo de vegetação consegue sobreviver à seca intensa. Ela ocorre nas áreas mais baixas, inferiores a 500 metros, e reúne plantas como unha-de-gato, cabeça-de-frade, pinhão, canjuão e pereiro.
Até mesmo florestas podem ser encontradas no Parna. E elas são tão variadas que estão classificadas em quatro tipos: floresta de planície, floresta de montanha, mata ciliar e floresta de altitude. As florestas de planalto ficam ao leste do parque. Localizadas a aproximadamente 500 metros acima do nível do mar, apresentam grande densidade e árvores de médio e grande porte: ipê, pau-d’arco, maçaranduba, sucupira, pau-de-óleo.
As florestas de montanha situam-se ao leste da encosta da Serra do Sincorá. Elas são formadas por espécies de porte médio ― angico, paraíba, macaqueira ―, que podem chegar a 20 metros de altura.
Compostas por espécies de baixo e médio porte, as matas ciliares se estendem ao longo de todos os rios que cruzam o parque. São sempre estreitas e podem ocorrer nas mais diversas altitudes. Tamboril, cedro-d’água, pau-pombo, musgos, lianas e samambaias brotam nesses locais.
Acima dos 1.200 metros, escondidas em grotões e fendas das serras, estão as florestas de altitude. Úmidas, profundas e pouco exploradas, elas são compostas por árvores que podem chegar a 30 metros de altura. Esse tipo de vegetação congrega espécies como araçá, língua-de-vaca, laranjinha, canjerana, a altíssima moloi-da-mata e o palmiteiro, típico da mata atlântica.
No Parque Nacional da Chapada Diamantina, ocorre um fenômeno curioso. Em alguns trechos, biomas distintos se cruzam nas chamadas zonas de transição. Assim, espécies de plantas e animais oriundos de vários tipos de vegetação podem conviver num mesmo espaço e gerarem um comunidade rica de seres e interações.
Mais informações
- Não existe um único portão de entrada e saída para o Parque Nacional da Chapada Diamantina. Livre e aberta, a unidade de conservação pode ser acessada a partir dos vários municípios que a compõe.
- Conforme explicamos no texto “O que é a Chapada Diamantina”, o parque não corresponde à região inteira, ele é apenas um recorte dentro de várias outras classificações geográficas.
- Entretanto, apesar de ser apenas uma porção do território da Chapada Diamantina, não se iluda: o Parna é imenso e tem dezenas e dezenas de trilhas e atrativos. Por isso, é muito fácil se perder dentro dele se você for inexperiente. A melhor decisão é, portanto, sempre contratar um guia ou uma agência antes de se jogar na aventura.
- Não leve animais de estimação ao parque, não deixe lixo espalhado pelas trilhas e não arranque plantas ― do Parna você só deve levar as boas lembranças.
- Também não faça fogueiras. Um dos grandes problemas que o Parque Nacional da Chapada Diamantina enfrenta todos os anos são os incêndios. Devastadores, eles transformam seres em cinzas e destroem em minutos o que a natureza levou décadas para construir. Lembre-se: a menor chama pode virar facilmente uma tragédia incontrolável.
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Fontes:
FUNCH, Roy; FUNCH, Ligia. 100 Flores do Parque Nacional da Chapada Diamantina. Feira de Santana: Print Mídia, 2014.
MARTINS, Silvia. Guia Prático Plantas Medicinais da Chapada Diamantina. Bahia: 2020.
FUNCH, Ligia; FUNCH, Roy; QUEIROZ, Luciano (org.). Serra do Sincorá – Parque Nacional da Chapada Diamantina. Feira de Santana: Radami, 2008.
FUNCH, Roy. Um Guia para a Chapada Diamantina. 4. ed. Lençóis: Gráfica Contraste, 2007.
Parque Nacional da Chapada Diamantina. O parque. Disponível em: http://parnachapadadiamantina.blogspot.com/p/o-parque.html. Acesso em 23 abr. 2023.